EU QUERO DEMOCRACIA PARA TODOS E VOCÊ?

by - setembro 14, 2022

 

A democracia liberal não entregou o que prometeu nos últimos 40 anos pós-ditadura militar no Brasil, causando uma frustração coletiva e genuína na população brasileira. Esse sentimento ficou nítido nas últimas eleições quando houve um recorde de abstenções e votos nulos/brancos. O sentimento antissistema é autêntico e merece crédito, principlamente para a esquerda, que teoricamente é antissistema, mas também conciliou com a classe dominante quando esteve no poder, mesmo que tenha olhado para os pobres pela primeira vez na História como nenhum governo de direita havia feito. Porém, o fascismo se apropriou da insatisfação, dando respostas erradas e rasas para problemas estruturais, não só políticos como também econômicos. Através do medo, transformou a insatisfação de parte da população em ódio pela política, pelos pobres, pelos negros, pelas mulheres, pelos LGBTQIA+, pelos indígenas e pelos movimentos sociais como se fossem os culpados pelo modo de produção e reprodução da vida neoliberal, tão apreciado e exaltado no país com o respaldo do estado democrático de direito. A ideia de que políticos são todos farinha do mesmo saco chegou ao seu ápice nas eleições de 2018 para perder força 4 anos depois. Mas o que aconteceu? A ascenção do fascismo e a descoberta, no bolso e na luta pela sobrevivência, que importa, sim, quem escolhemos para estar no poder, que não são todos iguais, que existe o melhor e o pior de cada ocasião. Escolheram o candidato mais desqualificado por ódio ao resto. E descobriram que esse candidato odiava tanto o cargo quanto o Brasil. Que ele não se importava sequer com a nossa dor, muito menos com o que é melhor para o país. Agora a maioria da população descobriu, depois de falta de vacina, recorde de vítimas de covid-19, desemprego, inflação e fome, que o fascismo, que se diz antissistema, é na verdade uma pulsão de morte. Morte a tudo que ele não considera bom e certo, dentro de seus próprios e limitados padrões. Morte àqueles que pensam diferente. Morte àqueles que não vivem como ordena. Morte até a democracia, esse sistema que deveria ser melhorado para encontrar cada vez mais justiça social, e não ser destruído. E, mesmo que ninguém queira olhar para trás, estamos impossibilitados de sonhar com o futuro, porque no agora só resta sofrimento, desamparo e desesperança. Dizem que o brasileiro não tem memória. Mas, os fascistas lembram com nostalgia do tempo da ditadura, quando seus diferentes eram perseguidos e torturados, porque aqueles eram tempo de "ordem e progresso" (dentro de seus parâmetros de "democracia" autoritária e violenta). A História mostrou que não foi nada bom, que nem a economia justificava tamanho autoritarismo já que regada à inflação, corrupção e a desvalorização de nossa moeda. Só os odientos podem querer aquilo de volta. Só quem não aceita o outro como é vai querer a sua morte. Só os que não têm empatia poderiam se alegrar com a dor do outro. Porém, boa parte da população lembra de outros tempos. Que, segundo a História, foi o melhor para todo mundo. Tão melhor que o povo se sentia livre até para reinvidicar mais, sem medo de ser feliz. Era um tempo em que o acesso a serviços básicos não era privilégio de poucos, como educação e saúde. Havia esperança de que fosse apenas o início de um Brasil melhor. No entanto, esse processo foi interrompido com um impeachment injusto e indevido, contra a presidenta mais honesta que esse país já teve, mesmo cometendo erros que custaram para nós. O discurso anticorrupção foi usado contra ela e contra o único candidato que seria capaz de vencer o fascista em 2018, dando força e gás para que o pior acontecesse. Porque nada está tão ruim que não possa piorar, já dizia uma das leis de Murphy. O povo não quer mais sentir medo. Quer voltar a trabalhar, se alimentar e sonhar com o futuro. E, principalmente, lutar por ele. Por issso, só nos resta escolher aquele que é o único capaz de vencer o genocida. Mais 4 anos de destruição e morte e não sobrará país para as próximas gerações. Vamos votar porque queremos a manutenção da democracia liberal, ainda que ela não seja a resposta para todas as nossas questões. Porque vimos que o autoritarismo não é o sonho patriótico que alguns lunáticos pensam. Os problemas reais exigem respostas reais, não bravatas. Estamos cansados de ter medo, de sentir dor e desesperança. Queremos não apenas sonhar com o futuro, como também construí-lo. O Brasil seria um país melhor se tivéssemos uma educação libertadora, inclusive política, na qual a democracia fosse estabelecida popularmente, de baixo para cima. Todo mundo engajado coletivamente do modo que preferir, seja em partidos políticos, movimentos sociais ou comunidades autossuficientes. Porque sabemos que sozinhos não mudamos o mundo, mas juntos podemos, dando força e apoio um ao outro, na luta diária de mudar a realidade não somente individual quanto coletiva. É assim que faremos uma nação. Patriota é quem ama o país. E um país é feito de pessoas. Todos nós. Assim como nossos animais e a natureza. Ame o Brasil. Vote pela manutenção da vida. Participe politicamente da vida pública. Só assim transformaremos o sistema, de fato. A urna é só um meio, não o fim.

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